19/07/2015

Sobre Rio 2054 – de Jorge Lourenço


Uma realidade alternativa de uma cidade mundialmente conhecida? Definitivamente não.
Uma possibilidade de acontecimento em um futuro não muito distante? Talvez.

Essas e outras perguntas me deixaram instigado desde o início da leitura.
O conceito de segregação é muito claro em minha cabeça, já que tive uma disciplina na faculdade que tratava desse e de outros assuntos dentro da sociedade.
Motoqueiros, pichações, parkour, cheguei a ler alguns artigos sobre essas práticas, que são classificadas como formas de ocupação do espaço urbano de cidades grandes.
O que isso tem a ver com o livro?
Bastante coisa!



Rio 2054 é um livro distópico, sci-fi, cyberpunk, futurista ou de ficção científica. Acho que nesse caso todos os termos são válidos. Como não costumo dar spoilers nas minhas “resenhas”, vou colocar a sinopse do livro aqui pra que vocês possam entender um pouco do que estou falando:
“Rio de Janeiro, 2054. Três décadas após uma guerra civil que começou com a disputa pelos royalties do petróleo, a cidade se vê alvo de uma nova ameaça. Um velho jogo de intrigas e espionagem industrial entre as multinacionais que controlam a cidade ganha novos contornos quando uma perigosa jovem com poderes psíquicos surge nos guetos. 

Alheio a tudo isso, Miguel é um jovem sem grandes pretensões. Morador de uma região abandonada no pós-guerra, ele sobrevive catando restos de tecnologia e tem uma vida despreocupada. Sem saber o que o destino lhe reserva, ele é convidado para assistir a um duelo de motoqueiros e acaba se tornando o pivô de uma disputa que pode mudar o Rio para sempre. 

Num lugar onde o bem e mal se confundem, Miguel terá que desvendar os segredos de uma misteriosa inteligência artificial e, para proteger aqueles que ama, bater de frente com as poucas pessoas dispostas a salvar o que resta do Rio de Janeiro. Sem saber que lado escolher, caberá a ele decidir o futuro de uma cidade partida pela ganância.”


Miguel é um personagem carismático, indeciso e um pouco medroso. Um tipo interessante de personagem para começar uma história e acompanhar seu desenvolvimento ao longo desta. Achei interessante esse desenvolvimento. Gosto de personagens bem detalhados e com diálogos possíveis e humanos. Achei interessantes as falas, pois são justamente da forma como conversamos, e não aqueles textos fictícios de diálogos mais vazios ainda. Pude ver que o autor se preocupou com isso.
A história, desde o início, me deixou curioso. O que poderia acontecer em uma cidade totalmente segregada e demonstrando aspectos futuristas de um lado e praticamente total pobreza e miséria do outro? Quais aparatos tecnológicos apareceriam como possibilidades de um futuro próximo? Que tipo de vilões teria uma história desse tipo?

Fui me fazendo esse tipo de pergunta e ao longo da história fui sendo respondido pela leitura.

Após ter lido o livro, percebi uma estranha realidade pairando no ar: A maioria dos acontecimentos descritos no livro é totalmente possível!

Sempre acompanho os avanços tecnológicos, sobre IA’s, simuladores, comunicadores, tipos de armas e veículos, possíveis androides e máquinas criadas atualmente e imagino que o autor também tenha pesquisado isso enquanto escrevia, pois descreve várias dessas coisas com detalhes e coerência com o que já ouvi falar. Isso me deixou ainda mais absorto na leitura e terminei por pegar o livro nesse fim de semana e devorar as mais de 200 páginas que ainda faltavam para ler.


Agora, pra você que está lendo porque quer uma indicação ou uma opinião sobre o livro em geral, sem spoilers:

Escrita.
A escrita do autor é simples, com narrativa em terceira pessoa e uma descrição detalhada dos fatos, sem se tornar maçante. Gostei especialmente das cenas de ação, que me fizeram imaginar um filme rodando em minha mente, com detalhes, trilha sonora e tudo o mais.

História.
A história é interessante e em muitas partes coerente com nossa realidade e a realidade da própria cidade em que se passa, pois demonstra a realidade dos morros do Rio, das drogas e da violência.

Personagens.
Bem detalhados e muito humanos. Humanos até demais! Interessantes. Que me deixaram curioso sobre vários detalhes que são explicados ao longo do texto. Personagens possíveis e com características e falas únicas. Pode-se perceber que essa foi uma das maiores preocupações do autor na criação da história.

Final.
Surpreendente! Um tipo de crítica à forma como agimos no mundo atual. Quase um tapa na cara. Uma forma de dizer que a humanidade ainda tem muito que evoluir.

No mais, recomendo muito a leitura! Achei muito interessante e certa vez vi, não sei se no Google ou no próprio perfil do Facebook do autor que teria um novo livro “São Paulo 2054”. Não tenho certeza, mas se for verdade, aguardo ansiosamente para ver o que mais acontecerá nesse mundo espetacular!

Ah! E apesar de eu escrever Terra 2, que é ficção científica, esse foi o primeiro livro desse estilo que li. Até hoje só tinha visto filmes desse gênero. Mas essa história vai mudar. Já tenho alguns na lista me esperando!

Leiam e apoiem a literatura brasileira.

Esse, junto com outros que ando lendo ultimamente, me animou a procurar cada vez mais livros de autores daqui mesmo. Além da proximidade deles (comprei o Rio 2054 do próprio autor!) e do carisma, as histórias são desenvolvidas com uma pitada da nossa própria cultura, e assim paramos um pouco de consumir excessivamente a cultura americana, nos identificando mais e mais com os personagens e as histórias.

Parabéns autores brasileiros!
Eu apoio vocês!





Fabiano Lobo

Um comentário:

  1. Uma guerra no Rio de Janeiro por causa de royalties do petróleo?
    Até que não acho difícil.

    ResponderExcluir

Gosto de saber a opinião das pessoas. Assim posso estar aprendendo a cada dia que se passa. Espero que possam tirar algo de útil deste Blog, assim como eu espero aprender com os Comentários dos visitantes.

Que a Lua sempre os ilumine na escuridão da noite, e que os Lobos guiem seu coração para o amor, a bondade e a felicidade.