Um
planeta distante, após o planeta Terra ter ficado quase inabitável, é pra onde
as pessoas estão seguindo. Ônibus espaciais e várias aeronaves vão e voltam
todo mês, e sempre há mais e mais pessoas que precisam dessa carona pra se
verem livres dos perigos do nosso antigo planeta. Hoje chegou a minha vez. Sigo
em frente numa fila enorme, que já dura meses, ou seriam anos? Ouvi dizer que
algumas dessas pessoas estão aqui esperando há muito tempo. Eu fico me
perguntando se os novos perigos daqui não os atingiram. Pelo que ouvi falar,
por aqui as coisas estão tranquilas por enquanto.
Que
tipo de perigos?
Vários!
Após o
incidente que aconteceu, nosso planeta foi perdendo seus recursos naturais, sem
a possibilidade de renovação, por causa da poluição e do estrago proveniente da
última guerra. Aquele asteroide que atingiu nosso planeta e que todos conhecem
a história, mas nunca lembram do nome dele. O evento mais chocante e mais
amedrontador de todos os tempos. A perda da camada de ozônio do planeta, o
oxigênio acabando, pessoas tendo que usar máscaras para sobreviver. Tudo isso
em um curto período de tempo, logo depois da descoberta do planeta que chamaram
de Terra 2. Um planeta numa galáxia distante, onde o sol alcança, mas não como
no nosso planeta natal. Um planeta que não gira em torno de si próprio,
portanto, dizem que enquanto de um lado será sempre dia, do outro será sempre
noite. Acho que vamos ter que mudar a forma de pensar nessas partes do dia.
Talvez até mudar a forma como o relógio trabalha. Mas acho que ninguém teve
tempo pra pensar nisso ainda. Tudo aconteceu muito rápido e, pelo que dizem,
estão “reconstruindo” nosso planeta do outro lado do universo. Lá faz frio, mas
é o mais próximo que conseguiram encontrar de um planeta habitável para a
humanidade nesse curto espaço de tempo que tiveram. O planeta nem foi
completamente escaneado. A parte escura quase que totalmente desconhecida, mas
o bastante pra saber que ainda teremos muito o que aprender sobre esse novo
lar.
Há
alguns meses atrás eu era uma garota normal de 17 anos, que morava na cidade de
Detroit. Adorava ler e assistir seriados. Adorava sair com os amigos no fim de
semana. Adorava jogar RPG, mas nunca gostei dos ambientados em um futuro
apocalíptico, e por ironia, estou vivendo num desses agora. A guerra culminou
entre Rússia e Estados Unidos, quando ataques supostamente terroristas foram
realizados e os Estados Unidos descobriram que seria seu rival de muito tempo
querendo tomar o poder através da imposição do medo. A partir daí, começaram a
guerrear e foi um caos total. Perdi meu melhor amigo num ataque e minha mãe foi
atingida enquanto trabalhava e o prédio em que estava foi destruído. Parece
familiar, não é mesmo? Os ataques começaram de repente. Meu melhor amigo Joe teve
sua casa e o quarteirão onde morava totalmente destruído, mas isso foi depois
que a cidade já estava em alerta. Minha mãe não. Ela teve o azar de ser uma das
primeiras a ficarem sabendo que a guerra havia estourado. Literalmente falando.
Seu prédio foi onde aconteceu o primeiro ataque, e toda a equipe do Detroit
News foi soterrada.
Eu
estava na escola quando tudo começou. Foi muito de repente e o pânico se
alastrou como fogo em uma mata. Todos desesperados por encontrar suas famílias,
congestionamento no trânsito, policiais tentando controlar as pessoas, carros
de bombeiro e ambulâncias passando a todo momento. Foi horrível!
Hoje,
seis meses depois, eu e meu pai conseguimos chegar ao local indicado para que
os passageiros do nosso país fossem coletados. Dois meses após a guerra ter
acabado. Seis meses após minha mãe ter partido. A alguns meses de encontrar a
paz novamente, assim espero.
O que
foi isso?
Um
barulho estrondoso. Pessoas correndo e gritando. Isso não pode estar
acontecendo! Será que eles nos encontraram.
- Fique
perto de mim, filha. – meu pai diz me puxando pra bem perto dele e me mantendo
firme entre seus braços. As pessoas correm desesperadas.
- Será
que são eles, pai? – eu pergunto, já sabendo a resposta que iria receber de meu
pai. Ele sempre tentou enxergar as coisas pelo lado positivo.
- Creio
que não, meu amor. Estamos muito longe do local onde atacaram. Talvez sejam os
russos tentando completar sua vingança. – eu sabia que meu pai diria algo do
tipo.
Você
deve estar se perguntando: “Quem são ‘eles’?”
E aí eu
me lembro que esqueci de explicar o que aconteceu há dois meses e alguns dias
atrás. Bom, pelo menos eu tentei contar pela folhinha do calendário que eu
virava todos os dias, mas depois que tivemos que fugir mais uma vez “deles”,
perdi minhas coisas e tive que começar a observar a lua, que parecia estar cada
vez mais perto, e contar por quantas noites passamos até hoje.
Quando
a guerra estava acabando, nossos recursos naturais já tinham perdido um pouco
do seu valor nutritivo, digamos assim. Por causa de ataques nucleares
constantes e por causa da degradação do próprio planeta. Pessoas contam que
alguns sobreviveram aos ataques de alguém que veio de fora do nosso planeta.
Essas pessoas espalharam os boatos e eu acredito que tudo tenha sido aumentado
pelo medo, já que muitas das ferramentas que usávamos para nos comunicar já não
funcionavam nessa época. Porque algo do que eles contam lembra filmes antigos
contendo medos antigos da humanidade. A iminente mudança na atmosfera da Terra
chamou a atenção de alguns moradores de outro planeta distante que, de acordo
com o que especialistas dizem, já estavam nos observando há tempos. Esses seres
são algo parecido com os humanos, mas são bem maiores. As orelhas pontudas e as
asas e pele verde eu deixo pra lá, já que um pequeno grupo de pessoas contou
isso uma vez, contradizendo algumas das coisas que eu já tinha ouvido antes.
Mas o pior e mais amedrontador de tudo isso é que eles vieram pra cá à procura
de alimento, e eu não falo dos nossos recursos naturais escassos até então, eu
falo, digamos, de nossos recursos humanos mesmo. Eles se alimentam de carne
humana. E dizem as lendas, o que eu também acho exagerado, que eles aproveitam
cada pedacinho do nosso corpo, usando ossos para construir, usando fluidos
corporais para fazer um tipo de gel para ferimentos, dentre outras bizarrices.
Isso também parece familiar. Parece o que fazíamos com os pobres animais desse
mundo. Sempre pensei assim, já que aderi ao veganismo quando tinha quinze anos,
seguindo o exemplo da minha mãe. Não me arrependo em nada por ter feito isso.
As pessoas me incentivavam a beber e a fumar, mas quando resolvi que iria parar
de comer carne, elas me disseram que isso seria perigoso e que poderiam faltar
nutrientes no meu organismo. Ao contrário dos vegetarianos, os veganos não
comem nenhum tipo de produto advindo de animais, como o exemplo do leite e dos
ovos, além da carne dos pobres bichinhos.
Eles
chegaram quando ambos os lados da guerra: os países que apoiavam a Rússia de um
lado e os países que apoiavam os Estados Unidos de outro, se encontravam quase
sem armamentos e recursos. Quando a humanidade já tinha se enfraquecido com a
guerra. Quando a fome, miséria e doenças tomavam conta da maioria da população
restante do planeta. Estávamos enfraquecidos, e foi aí que perdemos essa
batalha contra os seres desse lugar tão distante.
-
Filha! – meu pai me chama.
- Oi
pai! – respondo, achando que ele tinha ficado com medo de eu ter adormecido ou
algo pior enquanto me escondia com o rosto em seu peito.
- Temos
que ir. São eles. -
Fabiano Lobo
P.s.: Essa história acabou sendo estendida, e está sendo postada no Wattpad semanalmente. Acompanhe o desenrolar da história em tempo real clicando aqui.
P.s.: Essa história acabou sendo estendida, e está sendo postada no Wattpad semanalmente. Acompanhe o desenrolar da história em tempo real clicando aqui.
Muito bom Fabiano!
ResponderExcluirEnquanto lia, o filme passava na mente...
Abraço The Best...
Valeu Marcos!
ResponderExcluirObrigado pelo apoio e por ter tirado um pouco do seu tempo pra ler!
É bem assim mesmo que imagino. A gente lê e o filme vai rodando dentro da cabeça. É bem legal!
Abraço cara!