"Que livro!" Foi o que falei logo nas primeiras páginas. Não
sei se é porque nunca tinha lido suspense e nada relacionado (o único
“suspense” que eu já li e posso considerar é Drácula – de Bram Stoker) ou se é
porque me identifiquei com a história me lembrando dos filmes que assisti e
morri de medo na minha infância.
Segue a
sinopse pra deixar um gostinho:
“Pior
que conhecer um Serial Killer, é um Serial Killer conhecer você!
‘O carro pertence à sua namorada.’
Com
essas palavras, Julio Fontana, delegado da pacata cidade de Novo Salto, tem a
vida transformada em um inferno. Pessoas próximas começam a ser brutalmente
assassinadas, como parte de uma fria e sórdida vingança contra ele. Agora,
Julio terá que descobrir a identidade do responsável por esses crimes bárbaros,
antes que sua única filha se torne o próximo nome riscado da lista.
72
horas para morrer é uma corrida frenética contra o tempo, que irá prender o
leitor do início ao fim.”
Ah! E
não se preocupem! Não haverá nenhum spoiler
nessa minha resenha, portanto, qualquer pessoa que não tenha lido o livro pode
ser atiçada a ler só por causa dos comentários que eu fizer aqui! E cá entre
nós, seria o maior saco você ficar sabendo o final de um livro de serial
killer, não é mesmo?
Por
favor, quem já leu suspense me responde se é normal ficar assim: Eu devorei o
livro em 4 dias, que pra mim não é normal, pois até algum tempo atrás, tinha o
hábito de demorar mais de um mês pra ler um livro de 300 páginas. Fiquei
totalmente intrigado com tudo, chegando a imaginar durante quase todo o tempo o
que iria acontecer a seguir, ficando louco pra chegar a hora em que iria ler
mais uma parte. O livro é dividido em capítulos, mas os capítulos são de uma
forma diferente, pois são divididos em horas. Como o nome já diz, o livro conta
a história ocorrida em 72 horas. Gostei do tamanho da orelha da capa do livro.
Ficou bem interessante, pois tem o prólogo escrito logo na capa, talvez como
uma forma de despertar a curiosidade. O layout é bonito e chamativo, a capa é
muito legal e admiro especialmente esse tipo de folha, levemente amarela, dando
uma impressão de algo manuscrito que esteve guardado por muito tempo (vi isso
nos livros do Assassin’s Creed e em
especial no livro de poesias do Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell – Como Escavar um Abismo), simplesmente adoro ler livros impressos
nessa folha e quero muito que os meus (sim! os meus!) sejam impressos da mesma forma.
Sobre a
história:
Enfim,
o que pode acontecer envolvendo um ex-presidiário, um padre e um delegado,
habitantes de uma minúscula cidade pouco desenvolvida e com costumes arcaicos?
Resposta: O pior possível!
Acontece
que encontram um carro abandonado no posto de gasolina da cidade e esse carro
pertence à namorada do delegado Julio, que nesse mesmo dia fica sabendo que a
sentença de um antigo inimigo chamado Miguel, que estava na cadeia, tinha
acabado e ele tinha sido solto. Ele recebe cartas com mensagens estranhas
escritas com recortes de jornais e descobre que tudo aquilo é uma armação pra
satisfazer uma doentia vingança contra ele. A partir daí, vários acontecimentos
estranhos começam a ser descobertos. Segredos são revelados e aqueles que
achávamos que eram os mocinhos, podem se tornar os vilões de uma página para
outra, através de simples declarações e descobertas que são feitas durante a
história. O suspense e o medo pairam no ar. Os personagens são bem detalhados e
às vezes imagino pessoas reais, com todos os seus problemas, medos,
inseguranças. Em algumas partes a narrativa é em primeira pessoa e em outras na
terceira, dando um ar interessante ao livro por alternar entre esses dois
estilos, muitas das vezes colocando-nos no lugar do personagem em questão: O
delegado Julio.
As
ações do delegado Julio chegam a dar nojo em algumas partes, enquanto em outras
ficamos com pena dele. Sua filha Laura é um belo exemplo de rebeldia, Miguel é
mistério, aliás, todo o passado deles é puro mistério. Tudo vai sendo revelado
bem lentamente, como se aquilo só causasse o maior impacto possível se fosse
revelado naquele exato momento. O autor faz comparações interessantes até pra
entendermos o que os personagens estão sentindo naquele momento, e isso causa
um impacto no leitor, que absorve cada palavra e cada sensação. A escrita é bem
simples, sem muitas palavras difíceis, sempre indo direto ao ponto, sem
rodeios. A história é totalmente imprevisível, emocionante! Nunca fiquei tão
intrigado com um livro quanto fiquei com esse. E você só vai entender realmente
o jogo, a vingança, o passado, ligar os fatos, quando chegar às últimas páginas
do livro, que nem são muitas.
O
final:
Confesso
que a partir de certo momento já tinha entendido e imaginava o que iria
acontecer adiante. Certamente isso foi proposital pra que o leitor observador
percebesse. Como eu disse, me lembrou de filmes de suspense que eu assistia
quando criança. Filmes baseados em histórias do Stephen King e outros autores consagrados. Achei interessante,
apesar de eu achar que quebrou um pouco do clima quando vi a revelação
bombástica, pois tinha imaginado algo totalmente diferente (totalmente mesmo!).
Estou começando minha lista de livros de autores brasileiros e esse livro
aumentou meu apetite por mais deles, tanto do tipo de leitura quanto da
nacionalidade do autor. Parabéns a Ricardo Ragazzo, que conseguiu me deixar
apavorado, com medo, com ódio, com pena e com muita curiosidade, tudo isso em
96 horas!